quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

O que é a poesia?

O poema nada mais é que a marca, a ranhura e o esquecimento. A poesia é um espaço de tempo que se eterniza, é pura emoção....é a razão transfigurada em palavras! Poesia é vida em movimento, paixão que vem de dentro, chuva que transborda a alma do escritor.

Labirinto da Vida

Você nada mais é que o espelho e o
Reflexo daquilo que vejo na história, que corta minha própria identidade
Um apelo, receio, perplexo eu sinto medo daquilo que sou. Serei?

Seus pés descalços nesse sempre sofrer e tudo, sem exceção, torna-se poeira em sua mão!
Caminhando por entre curvas dessa vida perdido e,
Sem sentido parece correr, numa tentativa - pura desilusão - de transpor a própria alma desconcertada, pula por entre as manhãs. E eu o que farei nesse percurso que me resta?

Não tenho mais pressa! Dói aqui no peito ver-te em profunda destruição. Resignado parece ruir e não sobra mais nada. Saio! Ando por esse rio sem água, as folhas secas voam pelo céu, ventos carregam tudo que ainda tens, mas não te resta nada.
Agradeço enxergar-me nestes seus loucos devaneios... E por amor a vida,
Revejo a minha própria direção. Norte, sul, leste, oeste.... Na vida não há teste!

Cada escolha seguida de ação, produz um quinhão de sentimentos. Situações, sempre são de nossa responsabilidade e nada há de mais pobre do que um ser que não assume sua parte.
Erros, acertos e um simples gesto de zelo. Vivendo como dono de si mesmo,

Sem entregar-me a prisão das emoções. Entrego-me a mim mesmo. E somente eu posso sair do desespero que é estar vivo!

segunda-feira, 10 de outubro de 2016

A dor de hoje precisa ser experimentada

A dor indica ausência de olhar, escuta e vínculo....Certo dia ouvi que a maior dor que pode existir é a solidão! Mas como pode ser a solidão a maior dor desse mundo? E as dores físicas? Cada doença e momento da vida nos deixa marcas, muitas vezes vistas outras escondidas. Muitas vezes diante de uma sofrimento, optamos por ocultar a própria dor ou cicatriz deixada por algum acontecimento. Ficamos cegos diante da dor. E procuramos esquecer, numa tentativa inútil de anestesia. Se existisse anestesia para alma certamente muitas empresas estariam faturando muito com a fórmula da paz...Vivemos amargurados, petrificados, insatisfeitos e a vida parece sempre ruim...nada nos faz sentir completo nos dias estranhos que vivemos! Ora, alguns vão indagar: - Bons eram os tempos antigos! Nada mais que outra fuga da realidade. Tempo bom é o tempo presente, é hoje quando tenho oportunidade de amar, se ser uma pessoa melhor, de contribuir com o desenvolvimento social da minha cidade, do meu bairro, de construir uma sociedade nova. Como dizem alguns amigos: uma nova civilização. Hoje, nos tempos de hoje, sofrer é uma vergonha. Sorrir é uma obrigação, mesmo que não reflita o que está no íntimo de cada um de nós. Penso que o principal, para que sejamos concretos no que mais importa nessa vida, é ouvir a dor. Digo ouvir a dor no sentido de relação. Relação com quem nos rodeia. Só ouvindo aquilo que o outro quer nos dizer que podemos acolher a dor, agir sobre ela e transformá-la. Viemos a essa vida para transformar, fazer revolução aonde chegarmos. Ter uma vida medíocre, voltada para si mesmo, é muito pouco. É quase diante de nossa potencia. Chegou o tempo de resgatar a potência que existe dentro de cada um, ser de fato humanos, demasiado humanos como diria o filósofo. E nesse demasiado ser feliz de fato, mesmo com dor, ser alegre e consciente do lugar que ocupamos e para onde iremos no dia de amanhã! Já havia esquecido, desde o início, nos primeiros anos de existência do que designamos de homosapiens, vivemos juntos, somos essencialmente sociais, vivemos e nos relacionamos uns com os outros "há tempos" (lembrei agora da Legião Urbana e suas reflexões sobre a tristeza que parece cocaína) e por isso mesmo quando rompemos com isso, numa tentativa de isolamento, terminamos por nos destruir por dentro e o reflexo se vê no corpo de quem sobre por mão ter alguém com quem compartilhar a vida. Por isso compartilhe sua vida com o máximo de pessoas, pois um dia a vida acaba e não temos certeza do que temos por vir. Apenas que o amor fica pra sempre. Uma semente que não morre. Os frutos são eternos!

terça-feira, 5 de abril de 2016

Sonhar

O que são se não projetos
Concretos, objetos, desejos manifestos
Caminhos, traçados, sentidos, escritos entre muitos

Construção que leva tempo,
e começa hoje.
Ou se não...será apenas devaneio.
Seguro, firme, certo e ponto. Eu quero!

Na vida é equilíbrio, no pensar metas diretas
Escolhas, decisão e um pouco de sorte.
Sem esforço nada acontece.

Segue pelo vale que te inspira, crie, ouse...
Persegue a paisagem dos sonhos,
Imagina o horizonte sem tirar os olhos dos pés
É no chão que sonhos se realizam!

Escapei

Escapei de você, me livrei de ser você
Você que me causa crise, raiva, estupor, assombro pra que possa entender.
Você que produz iniquidade, você que não arreda o pé, que marcha pela rua como se tivesse fome.
Você que nem sabe a direção do norte, mas que se infla apontando caminhos.
Escapei! Sorte a vida ter me mostrado a sintonia de
Outros lugares, espaços e sentidos.
Você que é feito de ferro, que exala o perfume da intolerância.
Você! Escapei! Espapei da mediocridade que é para aqueles que ficam na média. Você que domina o português, mas não relaciona o verbo ao sujeito! Você que me entristece por achar seu país uma merda. Não sou você! Me olho no espelho e agradeço. Não sou você. Tenho a oportunidade de sentir na pele a dor que não tive, de ver e sentir o que é ser pobre!
Escapei. Tive acesso a saúde, educação e lazer, mas na vida o que me fez entender o lugar que ocupo foi sair dele. Sai do lugar me senti deslocado e no movimento da água ancorei na cidade. Sou cidadão. Não sou você. Você que provoca, ilude e mascara, essa hierarquia plantada na colônia. Eu não sou você. Você não sabe o que é resistir, ser periferia e não deixar de sofrer. Você que me educou, me iludiu, mentiu para mim numa sala de escola, criou falsas ideologias e me fez crer. Eu não sou você. Eu sou o que sou, goste ou não. Saiu do poder agora quer revogar o que o povo escolheu. Você que rasgou a roupa do povo, que usou o dinheiro em seu proveito e prazer. Minhas palavras atestam o que os livros comprovam. Você que é intelectual - pseudo - você que me causa o que de pior tem em mim. Eu não sou você. Seguirei minhas crenças. Eu não sou você. Você é aquilo que não quero. Você sabe quem é eu não preciso dizer.

* poesia que reflete minha história de vida e posicionamento político. caminhos que venho percorrendo que me fazem crer que o problema - dilema - que vivemos hoje é estrutural e não conjuntural coomo muitos pensam ser. Mudar a conjuntura, mudará a prática?
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quinta-feira, 31 de março de 2016

Não é tão fácil

Não é tão fácil quanto parece, mais eu me envergo e a dor cresce.
Não é tão simples quanto me disse, é muita vergonha de tanta sandice.
Não é tão triste?
Agora não quero andar nessa estrada que quanto mais ando mais me cansa.Chega!
Não quero seguir andando nessa cadeira que parece sem rodas. Vou-me embora. Quem me dera chegar a terra do nunca e nessa grande aventura quem sabe existir.
Sim eu quero crescer, ser mais que um coitado, penando nessa vida sem direitos.
Sou mais que pareço, por dentro carrego muito peso, que jamais imagina poder carregar
Sou feito de carne, mas não sinto mais nada, cheiro cocaína pra quem sabe morrer
Sou mais um sobrevivente desse mundo infame que me quer ali, bem a margem do centro
Marginal, marginalizado na periferia  e sem saber, por que? Quero acessar essa tal dignidade, ter um pingo dessa dita felicidade e poder extravasar com um grito de paz
Tenho raiva da vida, dessa merda de situação, quando mais eu ando mais machuca o coração
Nessa país repleto das mais belas cenas, me faço configurar nas  piores imagens da TV
Sou o lixo, o resto, sou aquilo que você cria. Eu sou aquilo que deixamos crescer, sou um mato em meio a floresta, sou pequeno, mas sou afinal. Continuo na vida sem saber quem sou, em busca de algo que não sei o que é, mas sei que na vida vale a pena viver, pois até final quem sabe deixo de sofrer?

* Poema escrito após longa conversa e diálogo intenso com um jovem negro, cadeirante e usuário de cocaína. Uma pessoa oprimida pela falta de oportunidade e acesso a cidadania. Uma pessoa que na sua vida diária atesta que a constituição não tem efeito na prática. Uma das muitas que encontro no meu dia.

quinta-feira, 17 de março de 2016

Presença ausente

A dor que sinto no peito
Vez por outra se esconde entre as sombras mais íntimas
Me aflige um  aperto, atordoado pareço ruir.

Clamo pela cura desse sentimento alheio,
E nessa solidão anseio por sua presença.
Quem sabe um afago...
Uma mão correndo pelo rosto. Carinho!

Que pudesse tornar desfeito, o abandono que carrego como culpa,
e receio.
Receoso travei na vida
Afundando nesse mar profundo sem limites pra descer.

Chegarei ao fim? Ou voltarás pra me benzer?
Sou apenas um menino e quero crescer.
Já se vão três décadas e não sei mais o que fazer


* em homenagem ao sentimento de um amigo abandonado quando criança pela mãe nas mãos de uma "vó de criação"